A importância da comunicação social (CS) é, em qualquer sociedade moderna, de vital importância para permitir o bom funcionamento do sistema democrático. Para além da sua finalidade óbvia que é reportar notícias, a CS desempenha também um importante e indispensável papel no sistema de “checks and balances”, a teoria da “Separação de Poderes” ou “freios e contrapesos” de Montesquieu, permite garantir o equilíbrio, verificação e separação entre os diversos poderes (Executivo, Legislativo, Judicial).
Ao longo dos anos a CS, para além dos aspectos já focados, foi derrubando diversas fronteiras que a tolhiam e absorveu e foi absorvida pela sociedade civil transformando-se gradualmente em campo de batalha ideológico, cozinha de tendências, laboratório político, bússola social. Através da CS caíram Monarquias e Presidentes. Através da CS foram eleitos Governos e desmascaradas corrupções. Através da CS fermentou a filosofia e nasceram correntes literárias. Na CS encontraram refúgio Sartre ou Saramago. Na CS assentou o domínio filosófico e cultural do Ocidente durante o último século.
Por tudo isto, e pelas recentes notícias do final do último meio de CS em Campo Maior (Rádio Campo Maior), não chego a perceber como é que uma sociedade como a campomaiorense pode permitir-se o luxo de abdicar da CS sem sequer esboçar uma reacção de protesto. A não ser que os meus conterrâneos prefiram o vazio de ideias, o silêncio, a indigência intelectual. A não ser que prefiram dormir a sonhar. A não ser que prefiram a resignação própria de quem se tem em muito boa conta mas nada tem para contar, nem, pelos vistos, conta para ninguém.
Uma ovelha, duas ovelhas, três ovelhas… Shiuuuuu, eles dormem…