Após o 25 de Abril de 1974, Mário Soares decidiu meter o socialismo na gaveta e é por lá que permanece, lânguido e inerte. Parece que a sua ausência não perturbou em demasia o Partido que eufemísticamente ainda utiliza a palavra socialismo no seu cartão-de-visita.
O desaparecimento do socialismo do ADN do PS tem sido um processo nada discreto e muito revelador do que foram estes últimos 37 anos. Aliviado de carga ideológica, o PS foi substituindo, paulatinamente, os seus dirigentes por obscuros carreiristas vindos da juventude partidária e cuja única carga ideológica assenta no interesse pessoal e imediato.
O caldo de cultivo para a promiscuidade entre a política e os interesses económicos estava pronto e a partir de determinada altura o PS (tal como o PSD) deixou de ser um Partido Politico e começou a funcionar como um entreposto de negócios e favores. Os cidadãos foram substituídos por clientes e a lógica do relacionamento democrático prostituída. A factura chega agora em forma de “Troika” e a vergonhosa comunicação que o Primeiro-Ministro fez esta semana ao país apenas confirma que já ninguém sabe onde estão as chaves da gaveta. Também não interessa. Já estamos na fase de queimar a mobília para manter a lareira acesa e a gaveta já foi consumida pelas chamas.
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