sexta-feira, 13 de maio de 2011

Contando Ovelhas

A importância da comunicação social (CS) é, em qualquer sociedade moderna, de vital importância para permitir o bom funcionamento do sistema democrático. Para além da sua finalidade óbvia que é reportar notícias, a CS desempenha também um importante e indispensável papel no sistema de “checks and balances”, a teoria da “Separação de Poderes” ou “freios e contrapesos” de Montesquieu, permite garantir o equilíbrio, verificação e separação entre os diversos poderes (Executivo, Legislativo, Judicial).
Ao longo dos anos a CS, para além dos aspectos já focados, foi derrubando diversas fronteiras que a tolhiam e absorveu e foi absorvida pela sociedade civil transformando-se gradualmente em campo de batalha ideológico, cozinha de tendências, laboratório político, bússola social. Através da CS caíram Monarquias e Presidentes. Através da CS foram eleitos Governos e desmascaradas corrupções. Através da CS fermentou a filosofia e nasceram correntes literárias. Na CS encontraram refúgio Sartre ou Saramago. Na CS assentou o domínio filosófico e cultural do Ocidente durante o último século.
Por tudo isto, e pelas recentes notícias do final do último meio de CS em Campo Maior (Rádio Campo Maior), não chego a perceber como é que uma sociedade como a campomaiorense pode permitir-se o luxo de abdicar da CS sem sequer esboçar uma reacção de protesto. A não ser que os meus conterrâneos prefiram o vazio de ideias, o silêncio, a indigência intelectual. A não ser que prefiram dormir a sonhar. A não ser que prefiram a resignação própria de quem se tem em muito boa conta mas nada tem para contar, nem, pelos vistos, conta para ninguém.
Uma ovelha, duas ovelhas, três ovelhas…  Shiuuuuu, eles dormem…

sábado, 7 de maio de 2011

Alguém sabe onde estão as chaves?


Após o 25 de Abril de 1974, Mário Soares decidiu meter o socialismo na gaveta e é por lá que permanece, lânguido e inerte. Parece que a sua ausência não perturbou em demasia o Partido que eufemísticamente ainda utiliza a palavra socialismo no seu cartão-de-visita.
 O desaparecimento do socialismo do ADN do PS tem sido um processo nada discreto e muito revelador do que foram estes últimos 37 anos. Aliviado de carga ideológica, o PS foi substituindo, paulatinamente, os seus dirigentes por obscuros carreiristas vindos da juventude partidária e cuja única carga ideológica assenta no interesse pessoal e imediato.
O caldo de cultivo para a promiscuidade entre a política e os interesses económicos estava pronto e a partir de determinada altura o PS (tal como o PSD) deixou de ser um Partido Politico e começou a funcionar como um entreposto de negócios e favores. Os cidadãos foram substituídos por clientes e a lógica do relacionamento democrático prostituída. A factura chega agora em forma de “Troika” e a vergonhosa comunicação que o Primeiro-Ministro fez esta semana ao país apenas confirma que já ninguém sabe onde estão as chaves da gaveta. Também não interessa. Já estamos na fase de queimar a mobília para manter a lareira acesa e a gaveta já foi consumida pelas chamas.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ESQUELETOS NO ARMÁRIO


Por muito que façamos por esquecer, omitir, ocultar, sonegar ou adiar, os esqueletos que guardamos nos armários sempre acabam por encontrar as chaves para sair. Mas ainda há quem acredite o contrário e pense que é possível levar uma vida pacata com algumas ossadas nas mobílias lá de casa. Parece que é este o caso da Câmara Municipal de Campo Maior.
Recapitulemos: Nas passadas eleições autárquicas, a candidatura socialista lançou inúmeras promessas para todos os quadrantes. Era necessário amealhar o maior número de votos e as bocas dos responsáveis socialistas começaram a produzir promessas que iam desde uma monegasca Marina na Barragem do Caia, um Relvado novinho em folha para Degolados ou residências “chave na mão” para toda a etnia cigana que ocupa ilegalmente as Muralhas do Mártir Santos. Ou seja, um regabofe a que apenas faltou juntar a promessa de capturar vivo Osama Bin Laden ou organizar os próximos Jogos Olímpicos de Inverno.
Como os proprietários de iates não abundam por estas bandas e a malta da Direcção do clube de Degolados são amigalhaços do Partido, esses dois esqueletos permanecem firmes e hirtos no roupeiro lá de casa. Mas depois temos o Esqueleto Cigano, e esse é mais complicado de controlar. Para além da criminalidade que cada vez mais marca o dia-a-dia da vila, surgem rumores agora que parte dessa comunidade cigana ameaça as Festas das Flores pela demora da Câmara Municipal em entregar as chaves das vivendas.
Como se tudo isto não bastasse, aparece também a convocatória para uma manifestação de cariz manifestamente xenófobo contra a comunidade cigana. Não sei se na sexta-feira aparecerá alguém na referida manifestação, nem sei se a comunidade cigana perpetrará as suas ameaças. Apenas sei que os esqueletos sempre acabam por sair dos armários. Azar de quem lá os meteu.